terça-feira, 24 de julho de 2012

Artigo: Aspectos Polêmicos do Assédio Moral no Ambiente Laboral

             Ainda são muitos os trabalhadores que “sentem na pele” os trágicos efeitos de sofrer assédio por parte do empregador. Não por menos, considerando que empregado, via de regra, é aquele que dispõe tão somente de sua mão-de-obra como mercadoria, dependendo, também via de regra, de seu salário mensal para prover seu sustento com dignidade.

É importante, entretanto, observar como ocorre o assédio moral. Geralmente, vem de forma lenta, por diversos motivos: inveja, receio de eventual substituição, ciúmes, necessidade de autoafirmação etc. O empregador não xinga o empregado, afinal, ele assedia, mas tem seus receios de criar provas contra si. Entretanto, ele toma medidas tênues, de forma a minar a paciência de seu subordinado.

Dentre práticas comuns estão as de reduzir o trabalho do assediado, de maneira que este se sinta inútil; aumentar demasiadamente a carga de labor, na tentativa de fazer com que o subordinado não consiga realizar as tarefas para ser visto como incompetente; exigir esforços quase sobre-humanos, até mesmo passando tarefas contraditórias entre si, como “faça isso” e, depois que o assediado realiza: “não era para ter feito”.

Muitas das vezes, o agente do assédio (quem o comete), inventa motivos para advertir a vítima do assédio. Neste sentido, vale verificar que o agente pode inventar ou dar alto valor a erros ínfimos. O importante é que os efeitos serão os mesmos.

Uma matéria da revista Época abordou o tema de forma muito interessante, com o título “Você é Um Líder ou Chefiota?”, a reportagem trazia dados estatísticos dos males trazidos por uma liderança falha e ruim, inclusive com relação à saúde do profissional.

Motivos

Como já sucintamente abordado, os motivos que ensejam o assédio são diversos.

a)    Autoafirmação.

Trata-se da necessidade que o líder tem em demonstrar que ele manda. Ainda que não haja competitividade neste sentido, para ele a subordinação alheia é “prazerosa”;

b)     Receio da perda.

Neste caso, o líder, por ocupar este “patamar”, sente-se ameaçado pela qualidade e capacidade do subordinado. Vale dizer que o subordinado o é assim porque precisa, não porque quer, mas isso não o impede de ser tecnicamente superior ao seu chefe. Assim, o subordinado é atacado furiosamente para que seu trabalho tenha menos qualidade e surte efeitos negativos, pois após isso sua “crucificação” será uma questão de tempo;

c)    Ciúmes.

Pode até parecer estranho, mas quando um subordinado se destaca no ambiente, de forma boa, o “chefiota” passa a sentir ciúmes dos adjetivos atribuídos a ele, que outrora eram seus. Há ainda os líderes que sentem ciúmes dos próprios chefes, por incrível que isso possa parecer, mesmo ciúmes da área em que trabalha;

d)    Financeiro.

Dentre todas as causas, talvez a mais comum. Neste caso, o próprio empregador assedia o empregado de forma a fazer com que este peça demissão para cortar funcionários.

O que todos os motivos tem em comum, é o objetivo de suprimir a dignidade do trabalhador.

Além do risco de ter de indenizar o empregado em eventual reclamação, um líder despreparado traz malefícios até à saúde alheia, tendo um estudo europeu concluído que as pessoas subordinadas a líderes despóticos estão muito mais propensas a sofrerem distúrbios cardíacos (estudo realizado pela Universidade de Estocolmo em parceria com o Instituto Karolinska).

Uma pessoa despreparada na liderança de um grupo é um risco para toda uma corporação, inclusive para si.