É importante, entretanto, observar como ocorre o assédio moral. Geralmente, vem de forma lenta, por diversos motivos: inveja, receio de eventual substituição, ciúmes, necessidade de autoafirmação etc. O empregador não xinga o empregado, afinal, ele assedia, mas tem seus receios de criar provas contra si. Entretanto, ele toma medidas tênues, de forma a minar a paciência de seu subordinado.
Dentre práticas comuns estão as de reduzir o trabalho do assediado, de maneira que este se sinta inútil; aumentar demasiadamente a carga de labor, na tentativa de fazer com que o subordinado não consiga realizar as tarefas para ser visto como incompetente; exigir esforços quase sobre-humanos, até mesmo passando tarefas contraditórias entre si, como “faça isso” e, depois que o assediado realiza: “não era para ter feito”.
Muitas das vezes, o agente do assédio (quem o comete), inventa motivos para advertir a vítima do assédio. Neste sentido, vale verificar que o agente pode inventar ou dar alto valor a erros ínfimos. O importante é que os efeitos serão os mesmos.
Uma matéria da revista Época abordou o tema de forma muito interessante, com o título “Você é Um Líder ou Chefiota?”, a reportagem trazia dados estatísticos dos males trazidos por uma liderança falha e ruim, inclusive com relação à saúde do profissional.
Motivos
Como já sucintamente abordado, os motivos que ensejam o assédio são diversos.
a) Autoafirmação.
Trata-se da necessidade que o líder tem em demonstrar que ele manda. Ainda que não haja competitividade neste sentido, para ele a subordinação alheia é “prazerosa”;
b) Receio da perda.
Neste caso, o líder, por ocupar este “patamar”, sente-se ameaçado pela qualidade e capacidade do subordinado. Vale dizer que o subordinado o é assim porque precisa, não porque quer, mas isso não o impede de ser tecnicamente superior ao seu chefe. Assim, o subordinado é atacado furiosamente para que seu trabalho tenha menos qualidade e surte efeitos negativos, pois após isso sua “crucificação” será uma questão de tempo;
c) Ciúmes.
Pode até parecer estranho, mas quando um subordinado se destaca no ambiente, de forma boa, o “chefiota” passa a sentir ciúmes dos adjetivos atribuídos a ele, que outrora eram seus. Há ainda os líderes que sentem ciúmes dos próprios chefes, por incrível que isso possa parecer, mesmo ciúmes da área em que trabalha;
d) Financeiro.
Dentre todas as causas, talvez a mais comum. Neste caso, o próprio empregador assedia o empregado de forma a fazer com que este peça demissão para cortar funcionários.
O que todos os motivos tem em comum, é o objetivo de suprimir a dignidade do trabalhador.
Além do risco de ter de indenizar o empregado em eventual reclamação, um líder despreparado traz malefícios até à saúde alheia, tendo um estudo europeu concluído que as pessoas subordinadas a líderes despóticos estão muito mais propensas a sofrerem distúrbios cardíacos (estudo realizado pela Universidade de Estocolmo em parceria com o Instituto Karolinska).
Uma pessoa despreparada na liderança de um grupo é um risco para toda uma corporação, inclusive para si.